As perguntas ajudam-me a perceber aquilo que não me interessa para o meu trabalho.
Porque é que decidiste fazer esta entrevista?
Para tentar descobrir novas perguntas, dúvidas e hipóteses a fim de continuar a trabalhar.
O teu trabalho não tem fim?
Não.
Esta entrevista tem um fim?
Também não.
Porque é que decidiste fazer esta entrevista?
Para proteger a minha auto-imagem da imaginação dos outros.
Porque é que decidiste fazer esta entrevista?
Para invadir a consciência dos outros.
Tens medo da imaginação dos outros?
Acredito que na potência dela, só isso.
Como te descreves?
Um obssessivo observador da humanidade.
Consideras-te um artista?
Nem sempre. Por vezes existem períodos em que penso ser tudo menos um artista.
O que é que sentes nesses períodos?
Um misto de potência e frustração. Então a inquietação transforma-se na pergunta: o que é que eu vou fazer agora?
O que é que estás a tentar fazer agora?
A tentar sintetizar a condição humana.
O que é que estás a tentar fazer agora?
A tentar criar coisas que concentrem a realidade.
Como é que te defines enquanto artista?
Gosto de pensar em mim como uma espécie de catalisador.
O que é que isso significa?
Gosto de colocar coisas no mundo.
Como é que te defines como artista?
Um "tipo" curioso que se inquieta com as coisas e procura criar algo que possa ser experimentado e conhecido pelos outros.
Esperas conseguir algum resultado específico com o teu trabalho?
Não, não gosto de pensar em objectivos, muito menos em resultados.
Porquê?
Porque destroem a potência inclusiva da arte.
Desejo.
Continuidade.
conceito: Lucas Samaras (in autointerview)
auto-entrevista ou o desejo de continuidade: NL